“Associar cultura à educação é algo fundamental para aumentar o número de leitores no país”. A afirmação é da secretária de Articulação a secretária de Articulação Institucional do Ministério da Cultura Silvana Meirelles. Ela é coordenadora de um projeto de incentivo à leitura, inspirado no modelo colombiano de bibliotecas parque e implantado no estado do Rio de Janeiro.
Separamos trechos de uma entrevista, concedida ao blog Acesso, que mostram a importância e a diferença que a leitura pode fazer nas comunidades e pelas pessoas.
“Medellín, na Colômbia, era uma cidade marcada pelo narcotráfico e pela violência. Mas a partir de 2006, com a inauguração de Bibliotecas Parque – uma biblioteca com um parque para que os leitores possam usufruir da leitura ao ar livre – a cidade elevou o seu nível educacional, fator que contribuiu para a diminuição do índice de violência.
Inspirando-se nesse projeto, foi implantada em Manguinhos, no Rio de Janeiro, a primeira Biblioteca Parque brasileira, em um espaço de 3,3 mil m², que sediava o antigo Depósito de Suprimento do Exército (1º DSUP). Essa área foi totalmente urbanizada, e se transformou no local de maior concentração de equipamentos sociais em uma comunidade carente da cidade, um complexo com ludoteca, filmoteca, sala de leitura para portadores de deficiências visuais, acervo digital de música, cineteatro, cafeteria, acesso gratuito à Internet e uma sala denominada Meu Bairro, para que os usuários façam reuniões da comunidade.
Acesso – Como se deu o intercâmbio com a Colômbia? Existe um convênio de parceria para a implantação da Biblioteca Parque no Brasil?
Silvana Meireles – Houve um intercâmbio, uma troca de experiências em várias áreas, inclusive na área do projeto cultural e educacional colombiano, que extrapola a questão de bibliotecas parque. No caso de Manguinhos, representantes do Estado do Rio de Janeiro estiveram na Colômbia, para verificar as Bibliotecas Parque, que são referência de como um projeto conseguiu rapidamente reverter o índice de violência naquele país. A essência da biblioteca parque é ser um elemento cultural vivo. Isso tem que ser refletido na arquitetura, no acervo, nos mobiliários, nos agentes que estão trabalhando, nos horários, na programação de atividades que ela oferece no sentido de atrair jovens, crianças e adultos, numa troca inter-geracional.
Acesso – De que outra maneira a Biblioteca Parque contribui com a população de Manguinhos?
S. M. – Além da geração de renda, em que a própria população trabalha na biblioteca, ela também se relaciona com o aumento da auto-estima dessas pessoas, que ao se sentirem pertencentes a um lugar, terão orgulho de pertencer à sua comunidade. Uma biblioteca bonita, quadra esportiva, escolas boas, tudo influencia na melhoria da qualidade de vida, olhando do ponto de vista material e subjetivo. Dar oportunidade de emprego e acesso a outro universo, proporcionados pelo cinema e leitura, facilita, inclusive, a criação de novos hábitos.
Acesso – Vocês pretendem implantar mais bibliotecas desse tipo em outras áreas de risco social, tanto no Rio de Janeiro quanto em outros estados/ municípios? Há previsão de data?
S. M. – Sim, estamos em processo de construção de uma biblioteca em Canoas, no Rio Grande do Sul, mas ainda não há previsão de data. Nesse município há uma área com alto índice de violência